domingo, fevereiro 12, 2006

Apenas um Saxofone

Apenas um Saxofone
de Lygia Fagundes Telles "Intimidades"

"Quero deixar bem claro que a única coisa que existe para mim é a juventude, tudo o mais é besteira, lantejoulas, vidrilho. Posso fazer duas mil plásticas e não resolve, no fundo é a mesma bosta, só existe a juventude. Ele era a minha juventude mas naquele tempo eu não sabia, na hora a gente nunca sabe nem pode mesmo saber, fica tudo natural como o dia que sucede à noite, como o sol, a lua, eu era jovem e não pensava nisso como não pensava em respirar. Alguém por acaso fica atento ao ato de respirar? Fica, sim, mas quando a respiração se esculhamba. Então dá aquela tristeza, puxa, eu respirava tão bem...
Ele era a minha juventude, ele e o seu saxofone que luzia como ouro. Seus sapatos eram sujos, a camisa despencada, a cabeleira um ninho, mas o saxofone estava sempre meticulosamente limpo. Tinha também mania com os dentes que eram de uma brancura que nunca vi igual, quando ele ria eu parava de rir só para ficar olhando."

3 comentários:

Rita Sofia disse...

A ideia não era que fosse a dobrar... desculpem!!

Dudu disse...

A situação "a dobrar" já está corrigida :)

Edson Araújo Lima disse...

Estou montando o espetáculo Apenas Um saxofone, com os atores da Cia Clássica Vanguarda e gostaria de ter contao com todos qua amam esse texto. A estréia será dia 05.03.2009. Informações no blo www.ciaclavan.blogspot.com Beijos.